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O dia 16 de março, pouco difundido por aí, foi o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Muito se discute os aumentos expressivos na temperatura média do planeta e as possíveis catástrofes que podem ocorrer devido a esse aumento. Fala-se muito em possíveis alterações no regime de ventos, com tufões e ciclones mais frequentes e mais intensos. Também se fala muito nas possíveis alterações nos regimes de chuvas, como foi o caso da seca na região Sudeste, ou as altas pluviosidades da região Sul do país.

Com toda certeza, são assuntos de uma complexidade imensa, que extrapolam os limites de modelagem científica atual e muitas vezes assumem certos exageros, tanto para um lado quanto para o outro. Porém a constatação que eu acredito ser mais relevante é: “Até que ponto podemos justificar catástrofes com base nas mudanças climáticas? ”.

Os projetos hidráulicos dos centros urbanos deveriam se valer de estatísticas baseadas em todas as medições da série histórica, sendo permitido que ocorresse inundações no sistema em média uma vez a cada 5 anos. Em alguns casos, como pontes, esta probabilidade de ocorrência deveria ser de uma vez a cada 10 anos. O que vemos empiricamente, é o sistema não dando conta de chuvas com precipitações muito inferiores a esses eventos. Ou seja, as inundações ocorrem uma vez por ano, se não mais.

Desculpas não faltam. Mas onde podemos encontrar a chave do problema?

A urbanização desenfreada, sem um planejamento espacial sério, trouxe um aumento considerável na impermeabilização do solo e na ocupação de áreas alagáveis. A impermeabilização do solo, ocasionada por diversos fatores, incluindo a não preocupação da gestão de águas pelos loteamentos, ocasionou um aumento de vazão superficial e esse incremento, desconsiderado também pelos gestores de águas pluviais, acabam por alagar áreas antes não alagáveis.

Tudo isso consequência não das mudanças climáticas, e sim pela falta de um estudo de águas pluviais aprofundado, conjuntamente com a ausência dessa impermeabilização adicional nos planos dos gestores públicos, ou ainda, uma alteração no planejamento urbano. Além disso, a ocupação de áreas alagáveis em geral é sentida muito mais por classes menos favorecidas, ficando muitas vezes longe dos grandes tomadores de decisões. Ainda assim, a teoria de controlar o uso dessas áreas, com atividades que não obstruam o fluxo do rio, é muitas vezes deixada de lado por pressões externas, como especulação imobiliária.

Concluindo, os riscos e consequências da urbanização dependem, para o bom uso do solo urbano, de um estudo sério, feito por empreendedores e poder público em conjunto, com o fim do bom usufruto por parte de todos agentes. Não podemos nos esconder mais atrás de “eventos extraordinário e catastróficos” ainda que eles ocorram eventualmente.

Dito isso, mesmo tais eventos, devem, fundamentalmente, possuir planejamentos detalhados de contenção de desastres.

 

João Ricardo Rossi Jacobus

Engenheiro Ambiental

Publicado: Sexta, 17 Janeiro 2020 16:50
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